Origens do Neoxamanismo
Nas últimas décadas, o Xamanismo saltou sobre as barreiras da estrutura puramente nativa para se tornar um conjunto diversificado de práticas que está cada vez mais presente na sociedade ocidental. Assim, certas práticas e elementos rituais, bem como um conceito de vida alternativa e natural, estão se espalhando por todo o planeta, dando origem a um novo paradigma: o Neoxamanismo.
O Neoxamanismo é uma tendência crescente que teve início nos anos sessenta do século passado, quando o movimento hippie promoveu a idéia de buscar contato direto com o transcendente e simultaneamente quando alguns antropólogos estudaram com certos Xamãs indígenas, tornando-se seus aprendizes, na tentativa de assimilar em primeira mão os sistemas ancestrais xamânicos, afastando-se do ponto de vista teórico e contos de seus ancestrais. Exemplos destacados são o trabalho de Michael Harner sobre os nativos do Alto Amazonas ou as contribuições de Peter Furst e Barbara Myerhoff sobre os Xamãs mexicanos.
Dessa maneira, o retorno ao simples e natural, a um modo alternativo de viver ou a encontrar uma nova forma de espiritualidade, ganhou novo ímpeto no Neoxamanismo. Esta mistura de costumes ancestrais espirituais e de cura, ao longo do tempo, também foi misturada com certas pseudoterapias da “Nova Era”, esoterismo ou mesmo elementos da magia do caos, criando uma grande variedade de correntes e escolas com uma grande número de seguidores, que por sua vez também geraram um grande número de detratores.
Xamanismo na sociedade de hoje
Um fator que explica o retorno do Xamanismo é o crescente desenvolvimento de abordagens holísticas da saúde que usam métodos que eram amplamente conhecidos na prática tradicional e tribal no passado. O Nexamanismo incorpora grande parte desse conhecimento antigo e está recebendo crescente atenção daqueles que buscam novas soluções para os problemas de saúde, independentemente de sua natureza, seja física, emocional, mental ou espiritual.
Também devemos considerar que a ampla disseminação do Neoxamanismo se encontra no foco espiritual da ecologia. Neste momento de crise ambiental global, o Xamanismo fornece algo que falta ao nosso modo de vida antropocêntrico: conexão e respeito com o resto dos seres que habitam a Terra, bem como com o próprio planeta.
Xamanismo psicodélico
Mas se algo caracteriza fundamentalmente o Xamã, é que ele adquire seu conhecimento através da expansão da consciência, ou o que equivale à mesma coisa, através do transe. Mircea Eliade, em seu clássico estudo sobre Xamanismo, Xamanismo e técnicas arcaicas de ecstasy, define-o como o “mestre das técnicas de ecstasy”, uma vez que é através da metodologia do transe ou do êxtase que o Xamã se torna um homem do conhecimento. O Xamã é um mediador entre o desconhecido e o conhecido, entre o Céu e a Terra, entre o sagrado e o profano.
O Neoxamanismo se baseia no Xamanismo para elaborar uma concepção mais ampla e atualizada da realidade e do ser humano, mesclando elementos de diferentes culturas. Nesse sentido, a mais difundida atualmente é a incorporação de plantas sagradas/ervas de poder ou psicodélicas para alcançar o êxtase xamânico, tornando-as o núcleo central de suas práticas.
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Podemos descobrir que certas plantas sagradas/ervas de poder psicoterapêuticas atuais são usadas como ayahuasca, os cogumelos sagrados ou iboga para tratar de seus propósitos terapêuticos. E, embora haja quem tente desvalorizar o Neoxamanismo, a verdade é que essas práticas estão mostrando que funcionam muito bem no trabalho psicoterapêutico transpessoal, ajudando muitas pessoas a se aprofundarem. Pode-se notar apenas que essas práticas Neoxamânicas devem ser usadas com integridade, respeito e práxis ética. Faço esse comentário porque esse Neoxamanismo está na “terra de ninguém”, alguns até o tornaram um modismo, por isso acaba sendo um terreno fértil para vigaristas sempre prontos para enganar pessoas que são muito ingênuas, sem noção e psiconautas despreparados.
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